Por Luiz Eduardo Gasparetto
Você alguma vez já se perguntou por que será que existem tantos gestores ruins no que fazem (ou no que não fazem): gerenciar? Por que será que existem tantos gestores inadequados para o cargo que ocupam e que não conseguem criar uma equipe bem-sucedida, mesmo com as empresas gastando muito dinheiro para treiná-los e reciclá-los?
Talvez eu possa dar alguns palpites sobre isso e acredito que não estarei muito longe da verdade, levando em conta os anos e anos de contato com esses profissionais nas mais diversas empresas e situações. Na verdade eu encontro cinco motivos para esse desempenho muitas vezes pífio de muitos no cargo de gestor.
Eu diria que, em primeiro lugar, eles falham porque eles se sentem inseguros a respeito de como devem se posicionar perante seus subordinados: ser bonzinho ou ser durão? Em qual desses comportamentos serei mais respeitado pelo meu pessoal?
É evidente que a flexibilidade do gestor é uma característica necessária quando se lida com pessoas, mas não é possível que num dia o gestor seja um verdadeiro carrasco e ameace os subordinados com castigos diversos se não fizerem o trabalho e, no dia seguinte, ele tenha que implorar para que eles façam o trabalho porque a ameaça não surtiu efeito.
Morder num dia e assoprar no outro faz com que o gestor perca o respeito do pessoal, que não vai mais acreditar nas ameaças que são feitas.
Não é possível agir de maneira diferente a cada dia tentando adaptar um estilo de liderança diferente para o mesmo grupo até que o grupo faça o que deve ser feito.
Em segundo lugar, porque muitos gestores procuram se esconder atrás de seus superiores quando precisam anunciar ao grupo ou decisão desagradável ou que ele imagina que não será bem recebida pelo grupo.
Ele tem medo de assumir as suas decisões “antipáticas” e de se responsabilizar por elas e então ele diz: “o homem lá em cima é que está querendo assim” ou então “eu até não concordo muito com isso, mas o chefe quer assim” ou ainda “a diretoria está pedindo que se faça assim e temos que fazer”.
Bem, você pode imaginar o que não irão pensar os subordinados de um gestor que só faz as coisas que os seus chefes mandam, mesmo não concordando com elas, sem discutir as ordens dadas? Ou de um gestor que não assume como suas as ordens que vêem da diretoria?
Em terceiro lugar, outro motivo pelo qual muitos gestores falham é porque não estabelecem alguns padrões de atuação para os seus subordinados, mostrando exatamente o que ele quer que seja feito e como ele quer que as coisas sejam feitas.
Você acha possível que um pai castigue seu filho porque ele disse um palavrão na frente de uma visita sem antes dizer a ele que esse é um comportamento que ele não aceitaria? Castigar sem antes alertar?
O gestor precisa deixar claro aos subordinados qual o padrão de desempenho que espera deles, mas muitos gestores acusam os subordinados de não cumprirem as regras e procedimentos sem nunca ter esclarecido a eles quais são essas regras e procedimentos que devem ser obedecidos.
Em quarto lugar, o motivo do fracasso é, também, o gestor tentar agradar a todos para sempre estar “bem na fita”. Diante de um conflito ele tenta encontrar uma solução que não desagrade ambas as partes, mesmo que essa não seja a solução correta, porque a solução correta desagradaria um dos contendores. O que poderá acontecer nesse caso é que a solução proposta por ele, alem de não ser a correta ou mais adequada, acaba desagradando ambas as partes.
Não é possível ao gestor agradar a todos os envolvidos em um conflito quando apenas uma das partes está com a razão ou tem a solução adequada. Ele precisa se posicionar claramente a favor do correto, mesmo que isso vá desagradar alguém.
Finalmente, em quinto lugar, o gestor não dá o exemplo através do seu próprio comportamento, isto é, ele segue a linha do “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”.
Se o gestor não pratica o que prega é preciso que ele saiba que não vai conseguir enganar todos durante muito tempo. O gestor fala da importância de planejar o trabalho, mas não planeja o seu trabalho. Fala da importância de administrar o tempo, mas não administra o seu próprio tempo. Fala da importância de cumprir o horário de trabalho, mas os subordinados o vêem chegando tarde e saindo cedo.
O gestor precisa lembrar que ele é uma vitrine para os subordinados. Ele está no centro do palco e sob a luz dos holofotes. Ele deve ser um exemplo para os subordinados o tempo todo. Se o gestor não dá o exemplo ele perde totalmente a confiança do seu pessoal.
Bem, estas são algumas razões pelas quais muitos gestores falham nessa tarefa que aparentemente é simples, mas é muito complexas: gerenciar pessoas.
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